terça-feira, 14 de junho de 2011

As eleições internas no Partido Socialista

Coloco, aqui um texto publicado por José Magalhães, no seu "twiter", que entendo ter a maior pertinência, tendo com pano de fundo as eleições internas no PS.
Presidente do PS

Secretário-Geral do PS
Presidente do Grupo Parlementar

I.
No rescaldo das derrotas eleitorais, a inevitável necessidade de "cura de oposição" convida à autocrítica sobre políticas falhadas e à valorização de sucessos. Mas o êxito da cura depende decisivamente de quem lidera o processo. 
A boa liderança nunca esquece que a mais devastadora derrota não apaga as "marcas de mudança" capazes de servir de esteio à crítica sólida ao novo Governo e preservar a autoestima e identidade política. No caso do PS, o seu papel-chave no sistema político mantém-se e a sua "marca" tem a responsabilidade de assegurar oposição eficaz e a alternância, um dia. 
Já aconteceu antes, mas acontece agora sob forma inédita. A  primeira  responsabilidade do PS começa a exercer-se já, em ritmo acelerado pela necessidade de não deixar a coligação de direita de mãos livres nos meses iniciais de "governação partilhada" com a troika. O PS conhece como ninguém as metas e prazos que negociou (e também o que não negociou nem aceitou) e tem o dever de intervenção política competente,permanente e em todas as sedes próprias.Tem também a necessidade de defender-se de ataques que no rescaldo das derrotas os vencedores sempre ensaiam.
Não pode "fechar para balanço" e é em movimento que vai fazer avaliações,rectificações e mudanças.

II.
Para que ao preço da derrota não se some o de um "apagão de liderança e protagonismo político" há que agir depressa,coisa que a Comissão Nacional do PS bem percebeu ao fixar um sensato calendário para os processos eleitorais e debates necessários.
No crucial  debate sobre a liderança,está em causa a escolha pelos militantes de um novo secretário-geral e de um novo Presidente do PS. Aos deputados eleitos cabe a escolha do Presidente do Grupo Parlamentar.
As circunstâncias propiciam que uma necessidade ditada pela derrota seja convertida em oportunidade para mudanças cuja importância é profundamente sentida e não pode agora ser adiada.
Para as escolhas a fazer oriento-me pelas ideias seguintes, cujos corolários tiro depois.
1. -  O PS precisa de um Presidente unificador de todas as sensibilidades,de autoridade indisputada a nível interno e estatura política nacional reconhecida. A magnífica presidência do dr Almeida Santos não é clonável, mas pode ser reinventada por quem com ele muito aprendeu e tem marca própria.
2. - O PS precisa de um secretário-geral a tempo inteiro. No ciclo governativo 2005/2011, reeditando uma tendência usual, o Primeiro-Ministro absorveu o secretário-geral.Entre 1995-2002, esse apagão foi compensado pela entrega da gestão do quotidiano partidário a dirigentes com presença forte e acção coordenada.Não sucedeu o mesmo no último sexénio. O S.G. não deve ser presidente do grupo parlamentar, cuja função é majorada em tempos de oposição.
O PS em cura de oposição precisa dos cuidados atentos de alguém que se preocupe tanto com a situação de cada federação, como com a acção no Parlamento nacional e europeu, nas autarquias,nas estruturas de estudos e nas instâncias internacionais.Quinzenalmente defrontará na AR o Primeiro- Ministro Passos Coelho e tem uma agenda diária virada para a sociedade e o partido. É uma tarefa dura, absorvente, que exigirá uma reforma interna a propor ao Congresso e  uma equipa dirigente emergente do pluralismo eleitoral, sujeita a coordenação forte para não ser um executivo de facções.
3. - A liderança do Grupo Parlamentar pode ser assegurada por qualquer dos muitos tribunos de qualidade eleitos em 5 de Junho, mas atingirá a excelência se capitalizar a experiência de direcção durante os ciclos governativos dos últimos anos.

III.
Julgo reunidas condições para que a liderança assente no seguinte  triângulo virtuoso:
- Presidente do Partido: António Costa
- Secretário-Geral: António José Seguro
- Presidente do Grupo Parlamentar: Francisco Assis.
Trabalhei muito com todos e cada um deles, no Governo e na oposição, nas horas de êxito e de fracasso.Posso por isso dizer convictamente que num quadro de dificuldades, é circunstância afortunada poder o PS dispor de uma liderança jovem, qualificada e diversificada, com muita experiência do passado e capacidade para rasgar os caminhos do futuro.

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