domingo, 28 de agosto de 2011

O Capitalismo desregulado, liberal e a um passo de um estoiro colossal


Eis a "receita" para um estoiro colossal:
·  Economia dos EUA sem soluções para crescer, o desemprego a subir e a dependência de credores internacionais é completa e total;
·   As Bolsas mundiais em queda livre;
·   Principais matérias primas a baixar;
·   O petróleo a descer e a ameaçar de fome metade do planeta;
·   Fugas massivas de capitais para os Paraísos Fiscais e o Ouro a subir sem parar;
·   Juros da especulação a subir e os Bancos Centrais a injectarem dinheiro na Banca comercial que não quer, nem pode endividar-se mais...mas que não tem outra solução;
·   Produtividade mundial a baixar e as Dívidas soberanas, até de alguns dos G7, a pedirem intervenções do FMI;
·   Défices monstruosos nos EUA, Japão, Itália, Portugal, Grécia, Irlanda e Espanha;
·   Dólares a serem impressos inflacionando todas as restantes economias;
·   Desemprego sempre a subir em todo o mundo;
·   Sucedem-se as falências de famílias e das empresas, ou a manterem-se de forma artificial...
Quando e onde haverá a primeira corrida aos depósitos bancários?
E em Portugal corre-se para o desastre, seguindo a cartilha do neo-liberalismo e da irresponsabilidade social, a toda a pressa?
Isto não deve chegar a Novembro ou Dezembro sem acontecimentos absolutamente inesperados e fora de controlo!
Está aí a receita do colossal desastre que nos aguarda...

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Os nossos não querem mesmo pagar!!!


Notícia da Agência Financeira, a propósito dos rendimentos dos mais ricos portugueses:
“A criação de uma contribuição especial para resolver a crise está a dividir os mais ricos. Se uns estão dispostos a abrir os cordões à bolsa para pagar a crise. Outros dizem também que o que pagam ao Fisco já é uma contribuição para pôr em ordem as contas públicas.
Assim, imposto directo sobre a fortuna não há, mas quem ganha mais de 150 mil euros por ano paga uma taxa de IRS de 46,5%.
Segundo o «Correio da Manhã», Américo Amorim, o homem mais rico de Portugal, declarou 265 mil euros no IRS e pagou 64 mil às Finanças. O «rei» da cortiça tem um património avaliado em 2,6 mil milhões de euros e ocupa o primeiro lugar na lista das 25 maiores fortunas do país há quatro anos consecutivos.
Já Belmiro de Azevedo e Ricardo Salgado entregaram ao Estado quase metade dos rendimentos declarados ao fisco. O patrão da Sonae, terceiro português mais rico, declarou 1,1 milhões de euros e pagou 460 mil de IRS.
Menos do que o presidente do Banco Espírito Santo: Ricardo Salgado entregou 750 mil euros, com rendimentos declarados de 1,5 milhões.
Joe Berardo, o empresário da Madeira que este ano saiu da lista dourada dos 10 mais ricos, declarou ao Fisco 230 mil euros e pagou 77 mil.
Juntas, as 25 maiores fortunas representam mais de 10% de toda a riqueza produzida no país. Apesar da crise, os ricos estão este ano ainda mais ricos. O património destes milionários cresceu 20%.”
Bom, achei alguns destes valores um pouco estranhos e, como quem não quer a coisa, fui fazer contas e algo de errado se passa:
Américo Amorim: declara 265.000€, paga ao Fisco 64.000€ - um pouco mais da metade do deveria ter pago (123000€). Grandes deduções em sede de IRS deve ter o homem...
Belmiro de Azevedo: declara 1.100.000€, paga ao Fisco 460.000€ - deveria ter pago 511.500€...
Ricardo Salgado: declara 1.500.000€, paga ao Fisco 750.000€ - deveria ter pago 797.500€...
Joe Berardo: declara 230.000€, paga ao Fisco 77.000€ - deveria ter pago 106.950€...
Há qualquer coisa de errado nisto tudo... Ou se mudam as regras para que  o Estado comece, efectivamente, a cobrar a quem deve ou ISTO, qualquer dia, dá o “berro”!!!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Agora os franceses... Para quando os portugueses?


Depois de Warren Buffett chegam, agora, os milionários franceses, que detêm as dezasseis maiores fortunas da França, que “suplicaram” ao Governo Sarkozy para aplicar uma taxa especial sobre os rendimentos dos mais ricos para ajudar a debelar os problemas financeiros do país. A proposta do americano anda a estender-se à Europa de uma forma nunca vista anteriormente.
Warren Buffett pode ser tudo o que quisermos menos “parvo”. É óbvio que está a pensar a longo prazo e tem a perfeita consciência que se os ricos “não se chegarem à frente” neste momento muito delicado, no futuro não serão bem vistos pela população em geral, podendo mesmo haver represálias contra eles, como aconteceu, estes dias, na Alemanha com carros de alta cilindrada...
Estou a imaginar, daqui por uns dias, os milionários portugueses a fazerem uma conferência de imprensa conjunta a exigir ao Governo de Passos Coelho o mesmo tratamento que pretendem Buffett e os multimilionários franceses.
A lista dos mega-ricos franceses:
Jean-Paul Agon, presidente executivo da L’Oréal;
Liliane Bettencourt, accionista da L’Oréal;
Antoine Frérot, presidente executivo da Veolia Environnement;
Denis Hennequin, presidente executivo da Accor;
Marc Ladreit de Lacharrière, presidente da Fimalac;
Maurice Lévy, presidente executivo da Publicis;
Christophe de Margerie, presidente executivo da Total;
Frédéric Oudéa, presidente executivo do banco Société Générale;
Claude Perdriel, presidente do conselho de supervisão do Nouvel Observateur;
Jean Peyrelevade, presidente da Leonardo & Co France;
Franck Riboud, presidente executivo da Danone;
Stéphane Richard, presidente executivo da Orange;
Louis Schweitzer, presidente da Volvo e da AstraZeneca;
Marc Simoncini, presidente da Meetic e fundador da Jaïna Capital;
Jean-Cyril Spinetta, presidente da Air France-KLM, e do conselho de supervisão da Areva;
Philippe Varin, presidente da PSA Peugeot Citroën.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Ao que chegamos...



Nouriel Roubini
Warren Buffett
O conhecido filantrocapitalista Warren Buffett já defendeu, com todo o realismo, que a luta de classes existia e que a sua classe a tinha ganho: num contexto de estagnação dos rendimentos das classes trabalhadoras, a percentagem de rendimentos captada pelos 1% mais ricos passou, nos EUA, de 8,95% do total, em 1978, para 20,95%, em 2008 (semelhante a 1929). A taxa de IRS que incidia sobre o ultimo escalão de rendimento passou de mais de 70%, nos anos sessenta, para 35%, na actualidade e na melhor das hipóteses. A perversidade macroeconómica da desigualdade excessiva foi assinalada com notável limpidez por um Nouriel Roubini que, pelo menos temporariamente, decidiu fazer-nos companhia num espaço intelectual que procura andar entre Marx e Keynes:
John Maynard Keynes
Karl Marx
“Assistimos a uma redistribuição maciça do trabalho para o capital, dos salários para os lucros, a desigualdade de rendimentos e de riqueza aumentou. Esta redistribuição faz com que o excesso de capacidade e a falta de procura agregada sejam ainda piores. Karl Marx acertou: a certa altura, o capitalismo pode autodestruir-se porque não se pode continuar a transferir rendimento do trabalho para o capital sem que se gere excesso de capacidade e défice de procura agregada. E é isso que se está a passar. Pensámos que os mercados funcionavam, mas não é isso que está a acontecer. O que é racional do ponto de vista individual – cada empresa, para sobreviver e prosperar, corta os custos laborais cada vez mais –, ignora que os meus custos laborais são os rendimentos e o consumo de alguém. É por isso que este processo é autodestrutivo. Não se pode resolver o problema com liquidez. Quando existe demasiada dívida ou se supera a situação através do crescimento ou da poupança. Mas se toda a gente gasta menos e poupa mais nos sectores público e privado, então estamos perante o paradoxo keynesiano da poupança e podemos ter uma depressão.”
É neste contexto que Buffett vem pedir aos dirigentes políticos, em artigo no New York Times, que “parem de acarinhar os super-ricos”: “Enquanto as classes baixas e médias lutam por nós no Afeganistão e enquanto a maior parte dos americanos luta para fazer face às despesas, nós os mega-ricos continuamos a ter isenções fiscais extraordinárias”. Este apelo é de difícil concretização sistémica, uma vez que a concentração de dinheiro, perante a fraqueza dos contrapoderes relevantes, como os sindicatos, gera sempre concentração de poder e a correspondente adulação.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A destruição programada do SNS


Os cidadãos com rendimentos mais elevados também devem ter acesso gratuito a todos os cuidados de saúde prestados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). A concepção que esta afirmação encerra, e que está no centro da arquitectura do Estado social, não é uma herança de um qualquer tempo de vacas gordas em que se podia fazer tudo por todos até pelos ricos, como se ouve agora , nem exprime um pensamento utópico que ignora os condicionalismos dos recursos. Pelo contrário, assume que os recursos, além de serem limitados, são socialmente apropriados de forma assimétrica e em resultado de interesses divergentes e poderes desiguais. Procurando uma solução democrática de arbitragem e de escolha das finalidades a prosseguir, o Estado social procura encontrar as formas de redistribuição que melhor assegurem o bem-estar e a elevação geral do nível de vida dos cidadãos. Fazendo-o, o modelo em que ele assenta conseguiu resultados significativos ao nível da redistribuição de rendimentos, da diminuição das desigualdades e da racionalização dos recursos muito mais do que os modelos assistencialista ou neoliberal, apesar dos erros, falhas e atrasos.
Em Portugal, o caso do SNS é exemplar, tanto pela melhoria dos indicadores de saúde por que é responsável nas últimas décadas, como pelos problemas persistentes que são visíveis no seu interior, mas exigem resolução concertada noutros âmbitos (caso dos determinantes sociais da saúde, que requerem alterações de políticas em sede de trabalho, salário, escolarização, habitação, ambiente…). Em vez de se pensar na melhoria do SNS, a actual crise a ser usada como pretexto para introduzir no sistema mudanças há muito desejadas, algumas já parcialmente concretizadas (parcerias público-privadas…), por elites económicas que vêem na saúde, sector com «clientes» inesgotáveis e particularmente fragilizados, um negócios muito lucrativo e quase sem risco. Essas elites apenas precisam de um Estado facilitador, algo que se prepara tanto com as medidas do «Programa do Governo» apresentado por Pedro Passos Coelho, que levam ainda mais longe o que estava previsto no «Memorando de Entendimento» assinado com a troika, como com a atribuição da pasta da Saúde ao ministro Paulo Macedo, ex-administrador da Médis e especialista na gestão de seguros de saúde.
Voltemos ao exemplo inicial, porque em situação de crise profunda há sempre quem use todos os artifícios ideológicos para desviar os legítimos desejos de justiça social para os sítios onde ela é ilusória (assim não ocorre onde deve) e, pior ainda, para onde as mudanças serão especialmente prejudiciais para os que embarcaram no logro. A lógica que preside ao funcionamento do SNS diz que os cidadãos com rendimentos mais elevados, quando se vêem numa situação de doença ou de necessidade de vigilância do seu estado de saúde, já deverão ter pago impostos mais elevados do que aqueles que têm rendimentos mais baixos.
À chegada ao centro de saúde ou ao hospital, todos os cidadãos, pobres e ricos, têm por isso o direito de encontrar um serviço e profissionais que apenas se concentram nas suas necessidades de saúde. Por razões morais, é certo, que se prendem com o dever de assistência médica, mas também porque o próprio serviço de saúde já foi montado com recursos que atenderam às diferentes possibilidades de contribuição fiscal de cada cidadão. Sobre essa redistribuição de rendimentos alicerçam-se tanto o princípio do acesso universal e gratuito aos serviços de saúde como o modelo de financiamento do SNS que é capaz de lhe garantir sustentabilidade e qualidade. O princípio da universalidade e o modelo de financiamento são, assim, dois pilares inseparáveis: se um deles soçobrar, ambos colapsam e com eles todo o sistema.
Aceitando a saúde dos cidadãos como uma das moedas de troca do pagamento de juros usurários aos especuladores financeiros, o Estado português aceitou um pacote de austeridade que inclui o corte de 550 milhões de euros no SNS. É nestas condições de subfinanciamento que os serviços de saúde vão ser confrontados com um enorme conjunto de alterações no seu funcionamento. Em primeiro lugar, com o previsível regresso dos utentes forçados pela crise a renunciar aos seguros de saúde para que foram aliciados por anos de desinvestimento no SNS e investimento mediático em todos os defeitos do sistema. Em segundo lugar, vai ocorrer uma revisão das taxas moderadoras, que segundo o «Programa do Governo» se destina a «garantir que apenas se isenta quem realmente necessita dessa isenção e actualizar o seu valor», taxas essas que, além de onerarem imenso os que ficarão no SNS, pois tenderão a aproximar-se dos custos reais dos serviços prestados, preparam a porta de saída (dos serviços e do financiamento) dos cidadãos com menores recursos. Em terceiro lugar, prevê-se que este SNS pobre, que será de facto um pobre SNS, seja o palco onde se contratualizam com privados concessões na rede de cuidados primários (prioritariamente) e ainda mais convenções para a prestação de serviços, tudo em benefício de uma meramente ideológica maior eficiência dos privados, de uma suposta «livre escolha» e de uma responsabilização dos cidadãos pela sua própria saúde que já mostrou dar muito maus resultados e limitar-se a encobrir uma realidade de deterioração das condições substantivas que os cidadãos terão para fazer quaisquer escolhas livres ou assumir responsabilidades. Se a tudo isto somarmos, em quarto lugar, o anunciado «plano de prestações garantidas», que passará a definir, neste contexto austeritário, o que fica de fora dos cuidados e serviços de saúde prestados pelo SNS, não é difícil compreender que estamos perante uma verdadeira destruição programada do SNS. E nem será preciso mexer na Constituição da República.
Por Sandra Monteiro, em Le Monde Diplomatique.

sábado, 13 de agosto de 2011

Quem mais vai beneficiar com corte da TSU? A Banca, claro...


Para que se saiba, e muito sinteticamente, a Taxa Social Única (TSU), que tem sido centro de muitas discussões políticas, é a contribuição mensal paga à Segurança Social todos os meses pelos trabalhadores e pelas empresas portuguesas.
Para os trabalhadores, a TSU é a contribuição de 11% para a Segurança Social que todos os meses é descontada no salário. Já as empresas têm de pagar por cada funcionário 23,75% de TSU todos os meses.
Esta taxa é igual para todos os trabalhadores, salvo algumas excepções, independentemente do seu salário. Se o vencimento for de 1000 euros, o trabalhador paga 110 à Segurança Social que corresponde aos 11%. Ao mesmo tempo, a empresa que o emprega entrega de contribuição 237,50 euros.
O que está em causa no memorando da troika é a redução da TSU para as empresas. "Um objectivo vital do nosso programa é reforçar a competitividade, o que envolve uma grande (major, em inglês) redução nas contribuições dos empregadores para a segurança social", propõe o programa de ajuda financeira.

Segundo notícia do Dinheiro Vivo, serão os bancos os mais beneficiados pela descida da Taxa Social Única (TSU). Segundo o estudo do Governo e do Banco de Portugal, os serviços financeiros e seguros serão os sectores cujos custos directos e indirectos com remunerações mais vão descer.
Sem contar com a Administração Pública, e o já referido sector financeiro, os serviços de apoio prestados às empresas, o comércio de reparação de automóveis, bem como os serviços administrativos prestados às empresas serão os mais ganharão com a medida.
Do lado dos que menos ganham estão a electricidade, o gás e a água, os produtos farmacêuticos e informáticos.
Num cenário em que o corte da TSU afecte todos os sectores de actividade – que parece ser a solução mais provável neste momento – o relatório divulgado terça-feira pelo Ministério das Finanças revela a variação nos custos das empresas, não só com salários, mas também com consumos intermédios. Isto é, incorporando o efeito indirecto provocado pelas transacções entre empresas. Mesmo que uma empresa não exporte, se reflectir o corte da TSU numa descida dos preços, irá beneficiar as empresas exportadoras que negoceiam com ela.
"A inclusão dos efeitos indirectos aumenta quase para o dobro a redução dos custos das empresas, tornando por isso importante a diminuição dos preços nos sectores não transaccionáveis”, refere o relatório. Porém, avisa: o Governo terá de garantir que os preços descem nos sectores que não exportam, para que o impacto seja completo. Se as empresas não reflectirem essa redução, grande parte do efeito será perdido.
Estas simulações confirmam as conclusões do estudo do Conselho para a Promoção da Internacionalização que, há um mês, já alertava que mais de metade do benefício do corte da TSU será absorvido por empresas que representam apenas 2,5% das exportações nacionais. Os bancos ficariam com 6,5% do benefício.
Outra vez a Banca a beneficiar, os grandes responsáveis pela crise actual...
Cá para mim esta redução da TSU será a maior fraude da história da Política Económica de um Governo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dias Loureiro nas ruas da amargura


Foi noticiado e salvo erro nunca desmentido, que Dias Loureiro não possuía qualquer bem em seu nome. Custou-me. Chorei. E agora gostava de o ver repatriado para podermos devolver-lhe a dignidade. Vamos todos.
Isto de Dias Loureiro nada ter em seu nome só pode acontecer por dois motivos:
O 1º, mais sórdido e maquiavélico, que desconsidero, teria a ver com o facto de Dias Loureiro ter algo a esconder em relação à origem da fortuna que dizem ter amealhado em poucos anos, e que por isso, dada a possível e aparentemente obscura proveniência dos lucros dos seus negócios, optara intencionalmente por não ter rigorosamente nada em seu nome. Nada. Nem um cão de loiça ou um CD do Angélico. Desta forma, e no caso de correr pelo pior (como veio a acontecer - acusado que está de danos no BPN no valor de 41,16 milhões de euros, conjuntamente com o Oliveira e Costa via SLN, da qual eram ambos administradores), não seria possível fazer qualquer tipo de arresto ou penhora aos seus bens.
O 2º, e no qual acredito sincera e piamente, aponta para que Dias Loureiro esteja efectivamente a passar por muitas dificuldades. E que nunca teve bens em seu nome porque é um verdadeiro altruísta e benemérito. E colapsado que ficou sem empregos, sofre agora silenciosamente de agonia financeira como qualquer outro desempregado comum. Agonia tal que até o Presidente da República lhe tentou garantir o sustento por mais alguns meses como conselheiro de Estado, mesmo após o rebentar do escândalo da SLN, de forma a que ele pudesse, pelo menos, comer uma sopita de nabo e um pão com fiambre por dia. Loureiro, agradecido, continuou sempre a aconselhá-lo: "Aníbal: tens de comprar mais acções do BPN, estão baratas e é de comprar, vais ver que não te arrependerás nunca dos conselhos sábios deste teu fiel amigo e escudeiro"
Partiu-se-me o coração vê-lo ter de pedir boleia a um senhor de Jaguar para poder chegar ao DIAP a horas de ser interrogado. E o senhor do Jaguar também deve ter sentido a mesma angústia pois esperou horas à porta pelo seu regresso.
Será mais um pobre diabo a calcorrear as ruas de Lisboa ou de Cabo Verde? Acabará Loureiro como um indigente, a mendigar para sobreviver? Uma triste e infelizmente cada vez mais comum realidade. Reflexo de uma sociedade desequilibrada, com uma balança mal calibrada que tende a favorecer quase sempre quem não precisa. São tempos difíceis até para Dias Loureiro. E porque o meu sentimento de humanidade e fraternidade não consegue assistir a tamanha falta de dignidade, infortúnio e pobreza, e impelido que está este meu espírito altruísta e desinteressado em ajudar este homem caído em desgraça e numa situação precária, decidi agir.
Desta forma, deixo um NIB de uma conta sita num Banco português de confiança (não pertence ao BPN ou BPP) de forma a devolvermos o sorriso, e quem sabe, os bens, a Dias Loureiro: 0036.0058.99100007846.65
Como sei que Dias Loureiro não pretende ter nada em seu nome, o NIB acima indicado pertence a uma conta minha. "Mas desde já asseguro sob a minha palavra de honra" (onde é que já ouvi isto?) que todo o dinheiro que for amealhado nesta iniciativa terá como único destino a ajuda a Dias Loureiro. Solidarizem-se com apenas 1€ que seja, porque neste caso "nada é tudo"! (literalmente). Obrigado pela vossa generosa colaboração!
Artigo de Tiago Mesquita no blog 100 reféns.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

As agências de notação financeira (Agências de rating)


No nosso sistema capitalista ultrafinanceiro, nunca se falou tanto das agências de "rating" como agora.
AA-, CCC, B+, perdidos no meio das notações, aceitamos como normal que um pequeno grupo de empresas privadas regule a economia mundial.
Como se formaram? Qual a sua credibilidade? Como se financiam? Qual o seu real poder? Quem as manipula? Quem beneficia com a sua existência?
O que são as agências de rating?
O papel principal de uma agência de notação financeira (agência de rating) é de fazer a avaliação do risco daquele que faz a emissão de uma dívida financeira em não cumprir os seus compromissos, seja ele um Eestado ou uma empresa.
Essas agências atribuem notas, sendo que o sistema de notação varia de agência para agência, mas em todas vão de AAA (a melhor nota) até D (a pior nota). 
Tabela de notação das três grandes agências de notação:
Um pouco de história...
Muita gente acha que as agências de rating são um fenómeno recente, quando na realidade as primeiras agências de notação apareceram ainda no século XIX. Nos Estados Unidos, as grandes companhias de caminho-de-ferro necessitavam urgentemente de financiamento e em 1860, Henry Varnum Poor teve a ideia de classificar essas empresas para informar e facilitar a escolha aos credores.
No século seguinte, em 1941, nasceu a agência Standard & Poor e em 1909 já tinha nascido a Moody's, e só nos anos 2000 a Fitch.
A falta de concorrência.
Apesar de existirem 64 agências de notação financeira em todo o mundo, as três agências anteriormente citadas concentram 90% do mercado. Esta concentração resulta principalmente da necessidade de adquirirem uma boa reputação, o que só pode ser feito ao longo do tempo graças a uma forte experiência.
A avaliação financeira das obrigações mundiais está assim dependente da Moody's, da Fitch e da Standard & Poor's, e portanto dos mercados americanos.
A falta de independência.
Inicialmente, as agências de notação eram financiadas pelos jornalistas financeiros, mas actualmente, são financiadas directamente pelos estados ou empresas que recorrem aos seus serviços. Esse valor pode ir de 50 000 a 150 000 euros para um serviço de algumas semanas ou meses.
Estas agências são portanto empresas privadas e todas sediadas nos Estados Unidos.
Nestas condições, como garantir a independência quando a remuneração dessas agência provem dos honorários dos clientes que são notados?
A falta de transparência.
Estas agências não detalham os mecanismos e critérios com os quais atribuem as suas notas.
Esta falta de transparência impede o seu controle por qualquer entidade exterior, seja ela pública ou privada.
Como romper com uma agência de notação?
Apesar dos contratos com estas agências ser um acto voluntário, ele é no entanto fundamental hoje em dia para ter credibilidade no mercado. Não é fácil, para um estado ou empresa, romper esse contrato e eventualmente mudar de agência, dado que uma das sanções poderá ser a diminuição da nota por parte dessa agência.
Que soluções?...
Entretanto, as três agências financeiras americanas continuam a afundar o euro
Para resolver todos os problemas anteriormente referidos, poderiam ser criadas agências de notação estatais, pagas pelos impostos e não pelos clientes privados. Todavia, criar por exemplo uma agência de notação europeia, também coloca alguns problemas.
O primeiro, é saber como seriam nomeados os responsáveis por essa agência? Pela comissão Europeia? Pelos Estados membros da União Europeia? Será que essas nomeações seriam garantes de independência?
Além disso, as notas de uma agência europeia poderiam não ser credíveis, dadas as pressões exercidas pelos estados para verem as suas notas serem notadas artificialmente altas...
Adaptado de Octupus

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O BPN

Este é o verdadeiro negócio! Vender por 40 e ter de pagar 550 para limpar o banco das imparidades e dos activos tóxicos, fruto das actividades "supostamente" criminosas dos amigos de Cavaco!
O governo "vendeu" o BPN ao banco luso-angolano BIC, também liderado por um ex-cavaquista, Mira Amaral, por 40 milhões de euros. O negócio prevê que o Estado avance com uma recapitalização de 550 milhões de euros. O acordo prevê, ainda, que o banco integre apenas cerca de metade dos 1.580 funcionários, sendo  o Estado a pagar os custos das indemnizações pelos despedimentos.
O Núcleo Estratégico de Investidores (NEI), um dos concorrentes à compra, quer mais explicações sobre esta venda ao BIC, uma vez que a sua proposta ultrapassava os 100 milhões de euros e era um projecto para todo o banco, "não se excluía nada nem ninguém"...
Esta “venda simbólica”, foi simplesmente uma forma de atirar areia aos olhos do Povo. Quando  Paulo Portas fez o seu último passeio a Luanda, de certeza que levou um recado, do maior "africano de Massamá" para o José Eduardo dos Santos, a dizer que o BPN era dele.
Entregamos o BPN, aos Angolanos, e ainda vamos pagar tudo o que eles não querem.
A começar com vendas destas, quando venderem a TAP, a RTP, a EDP e a REN, o povo, vai ficar sem os anéis, sem os dedos e sem os braços.
Já dizia António Aleixo:
Vós que lá do vosso Império
prometeis um mundo novo
calai-vos, pode o povo
qu'rer um Mundo novo a sério.